O gênero ficção científica sempre
empolgou no cinema, que além de instigar a imaginação pode usar os recursos
visuais para ilustrar a criação de roteiristas, deslumbrando a legião de
expectadores.
Lembro quando ainda era jovem e
sonhador, de algumas sessões no Cinema Veneza, especialmente com a série De
Volta para o Futuro e ET-O Extraterrestre, este último já comentado nesta
série.
Filmes feitos mais para divertir,
que levavam à juventude da época ao delírio, com cenas de aventuras incríveis –
os heróis sempre triunfando, para alegria de todos nós que estávamos na
torcida.
Dos muitos trabalhos que conferi
neste gênero, dois em especial me deixaram uma forte impressão até hoje. O
primeiro deles é o clássico “O Dia em que a Terra parou”, de Robert Wise, o
mesmo cineasta que dirigiu o ótimo “A Noviça Rebelde”. Aqui nos referimos à
obra de 1951, pois uma outra versão, de 2008, está muito aquém do original.
O outro filme de ficção
científica que gostei muito foi “A Máquina do Tempo”, de 1960. Uma outra
versão, de 2002, também não faz jus ao trabalho pioneiro de George Pal, baseado
no livro de H.G. Wells.
Nós temos no longa de Pal uma
viagem deliciosa pelo tempo, onde o personagem visita diferentes épocas da
história, vendo de perto as guerras do passado e antevendo como pode ser o
futuro.
Vamos nos fixar, porém, no filme
O Dia em que A Terra Parou, obra que deve ter impressionado o cantor e
compositor Raul Seixas. O artista, na década de 70, compôs uma música com o
mesmo nome da obra cinematográfica e lançou um álbum utilizando também esse
título.
Em 1951, quando Robert Wise
lançou o seu filme, os recursos técnicos eram paupérrimos, comparados aos de
hoje. Os famosos efeitos especiais utilizados atualmente, com uso de
computadores e tudo mais, simplesmente inexistiam. Nem por isso o diretor
americano deixou de realizar um clássico de grandes qualidades, que certamente
inspirou os cineastas das décadas seguintes, como o próprio Steven Spielberg.
O Dia em que a Terra parou foi
lançado apenas seis anos depois do final da segunda terra mundial. E quando
chegou às telas o mundo já vivia a “Guerra Fria” dividindo o planeta, à frente
Estados Unidos e a Rússia.
As perspectivas de novas guerras
e destruição eram visíveis. O homem não aprendia a lição e com sua teimosia
colocava em risco até mesmo a vida na Terra.
É nesse contexto que se desenrola
a trama do filme, que traz uma mensagem pacifista muito forte.
Um disco voador enorme pousa no
centro de Washington, capital dos Estados Unidos. Da nave espacial sai um
emissário interestelar, chamado Klaatu, com a mensagem que a guerra em nosso
mundo deve parar.
Os habitantes do planeta Terra
não param para ouvir. Ao contrário, cercam o disco com todo aparato bélico
possível e terminam por ferir o extraterrestre.
Guardando a nave especial fica o
gigante Gort, um robô de mais de dois metros, invencível e indestrutível, com
poder para destruir o planeta.
Klaatu, que foi levado ferido a
um hospital, conhece a bela Helen. Inteligente e sensível, a mulher atenta para
a mensagem de paz que veio do espaço e percebe o perigo que a civilização está
correndo. Cabe a ela ajudar o personagem principal e levar a Gort a mensagem
capaz de evitar a destruição.
Imagine você, caro leitor, que o
robô é interpretado por um ator, um chinês de 2,35 m , que sofreu horrores
sobrecarregado pela roupa pesada.
Algumas cenas, assim, podem
parecer muito pobres ou mesmo grotescas, quando hoje temos tantas tecnologias
para produzir filmes de efeitos especiais perfeitos.
No início dos anos 50, no
entanto, Wise impressionou o público e conduziu o seu trabalho de forma
correta, aliando à ficção uma boa carga dramática e passando a sua mensagem
pacifista sem exageros ou dramalhões.
Um bom elenco, uma excelente
fotografia em preto e branco, uma adaptação correta do conto de Harry Bates,
fazem de O Dia em que a Terra Parou um dos melhores filmes de ficção feitos até
hoje, além de ser um dos pioneiros do gênero no cinema.
Uma outra qualidade apontada
pelos críticos, nesta obra, é que ela pela primeira vez deu um tratamento
adulto a um tema antes dedicado só às crianças e adolescentes.
Vi pela primeira vez em casa,
numa das sessões do Tele Cine Cult. Não tenho ainda uma cópia em casa, mas vou
dar um jeito de conseguir, pois é um filme para ver, rever e guardar na coleção
de obras primas. (Principais fontes de consulta: “1001 Filmes para ver antes de
Morrer e o Site Cine Ronda).
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