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GRANDES NOMES DA MPB - 60º

ZÉ RAMALHO

 EM 1978 o cearense Fagner começa a ficar mais conhecido em todo país, graças principalmente ao sucesso de “Revelação”. Chico Buarque lança um dos melhores trabalhos de sua carreira, um disco que traz Feijoada Completa, Cálice, Tanto Mar, O Meu Amor e Apesar de Você. Roberto Carlos, o mais popular artista brasileiro, chega no final do ano com um vinil irregular, mas com alguma músicas que se tornariam clássicas em seu repertório: Lady Laura, uma homenagem à mãe, Café da Manhã e Força Estranha, esta última uma inspirada composição de Caetano Veloso.

A Música Popular Brasileira ainda fervilhava, não tínhamos a epidemia de falsos sertanejos de hoje, nem CD, internet ou pirataria. Estávamos ainda lutando contra a ditadura e esperando a revolução tecnológica, quando apareceu das bandas da Paraíba um visionário.

Feio, estranho, com jeito de trovador do passado cantando versos para o futuro, Zé Ramalho estreou com um disco de cores revolucionáris, bastando duas faixas – Chão de Giz e Vila do Sossego – para escrever definitivamente seu nome na boa MPB. Nesse trabalho inicial outra canção memorável é Avôhai, com uma letra que parece inspirada em filmes de faroeste e a construção de um personagem incrível, um quase-herói nordestino,  ausente na imaginação dos poetas e compositores tupiniquins até o nascimento do Zé:

Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava
Sua camisa e seu alforje
De caçador...
Oh! Meu velho e Invisível
Avôhai!
Oh! Meu velho e Indivisível
Avôhai!

José Ramalho Neto, o Zé Ramalho, nasceu em Brejo da Cruz, interior da Paraíba, em 1949. O pai, Antônio de Pádua Pordeus, era seresteiro e deixou essa herança genética para o filho. Estelita Torres, a mãe, trabalhava como professora do antigo curso primário. Seu Antônio morreu afogado num açude, quando o futuro menestrel tinha apenas dois anos de idade.

Com a fatalidade, o menino foi entregue para ser criado pelos avós, José e Soledade Alves Ramalho. Esse avô aí, que foi também pai, é o homenageado da música que o Brasil quase inteiro conhece. Uma composição que foi feita inicialmente para ser gravada pela cantora Vanusa. Dá para imaginar um negócio desses?

De Brejo da Cruz Zé Ramalho foi morar em Campina Grande e depois da infância se mudou para João Pessoa. Na capital paraibana esperava se formar em Medicina, mas descobriu mesmo foi a música de Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, Erasmo e Roberto Carlos, Os Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan

Em 1974 participou da trilha sonora do filme “Nordeste: Cordel, Repente e Canção”, de Tânia Quaresma. Esse trabalho despertou seu interesse pelos violeiros, pela literatura de cordel e a música regional. A partir daí decidiu morar no Rio de Janeiro.

Na cidade maravilhosa, como um dos seus ídolos, Raul Seixas, passou por momentos difíceis. Dormiu até em banco de praça. Chegou a tocar na banda de Alceu Valença, porém abandonou o grupo e seguiu seu próprio caminho.

Avôhai foi sua moedinha número 1. Em 77 participou da gravação da música, junto com Vanusa e começou a chamar a atenção do distinto público. Veio o primeiro disco, quase que impecável e no segundo, “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”, emplacou sucessos como “Admirável Gado Novo” e “Frevo Mulher”.

Participou no início dos anos 80 de um festival da Rede Globo e ficou entre os 20 melhores. Foi quando lançou mais um disco, acentuando o lado místico, principalmente através da faixa título, “A Terceira Lâmina", bem executada nas rádios do Nordeste e outras regiões do País.

É aquela que fere
Que virá mais tranqüila
Com a fome do povo
Com pedaços da vida
Como a dura semente
Que se prende no fogo
De toda multidão
Acho bem mais
Do que pedras na mão...
Dos que vivem calados
Pendurados no tempo
Esquecendo os momentos
Na fundura do poço
Na garganta do fosso
Na voz de um cantador...
E virá como guerra
A terceira mensagem
Na cabeça do homem
Aflição e coragem
Afastado da terra
Ele pensa na fera
Que o começa a devorar...
Acho que os anos
Irão se passar
Com aquela certeza
Que teremos no olho
Novamente a idéia
De sairmos do poço
Da garganta do fosso
Na voz de um cantador

Zé Ramalho atravessou a década de 80 entre altos e baixos e alguns discos venderam menos, em relação aos primeiros. Nos anos 90, no entanto, a inclusão de “Admirável Gado Novo” como música tema de uma novela da Globo daria novo impulso à carreira do artista. Em 1996, junto com Alceu, Elba e Geraldo Azevedo, o músico paraibano gravaria o Grande Encontro, um disco tão bem sucedido que renderia mais dois trabalhos, embora o pernambucano tenha ficado de fora.

Admirador de Raul Seixas, Zé Ramalho chegou a se encontrar e passar dois dias com o autor de “Ouro de Tolo”. Conversaram sobre música, viagens, discos voadores. No início da década passada o autor de “Chão de Giz” gravou um CD só com músicas do Maluco Beleza. Antes ele gravou “Nação Nordestina”, resgatando de Jackson do Pandeiro a Geraldo Vandré, num disco em que a capa é baseada num álbum dos Beatles, só que no lugar dos ingleses está toda a “tribo” de músicos e cantadores do Nordeste.

Zé Ramalho tem um vozeirão que impressiona, principalmente quando está no palco. Com mais de 30 anos de carreira consolidou seu nome de Norte a Sul do País, sem precisar de cara bonita nem da grande mídia. O seresteiro veio para ficar e mesmo com uma obra às vezes irregular, versos herméticos, algumas vezes incompreensíveis, cravou de maneira singular seu nome na Música Popular Brasileira. Verdade que o rótulo MPB não se encaixa muito no seu perfil, mas como já explicamos a intenção desta série é incluir artistas de diversas vertentes, que a seu modo tenham cantado o país, conseguindo com sua arte alcançar grandes públicos e reconhecimento de pelo menos parte da crítica especializada.

Viva o trovador Zé Ramalho! (O perfil de Zé Ramalho foi um dos mais trabalhosos de traçar. Consultamos sua discografia, letras de música, o Site Vagalume - que traz uma boa biografia -, o site oficial do artistas, a enciclopédia google...Enfim, acredito que conseguimos passar um pouco da história de Zé Ramalho, um pouco marginalizado nos meios intelectuais e sudestinos, mas que é sem dúvida um nome na música deste país).

CHÃO DE GIZ - Ao clicar na palavra ao lado, toda em maiúscula, você acessa um vídeo do yotube com uma bela interpretação ao vivo de Zé Ramalho de uma de suas músicas mais bonitas.

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