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Glória Menezes e Leonardo Vilar

O PAGADOR DE PROMESSAS

Alfredo de Freitas Dias Gomes nasceu em Salvador, em 1922, ano da Semana de Arte Moderna no Brasil. Que provocou uma revolução na Literatura, no Teatro, no Cinema, na Música, nas Artes Plásticas e na cultura do país, de um modo geral.

Dias Gomes começou no teatro e nesta área conseguiu seus maiores êxitos. Mas migrou para o rádio, quando este tornou-se um veículo popular, com as radio-novelas, depois para a televisão e três de suas obras chegaram também ao cinema.

Comunista dos bons tempos do partidão, em 1959 escreveu para o teatro a peça “O Pagador de Promessas”, um sucesso quase que de imediato. A obra o consagrou no Brasil e exterior, tendo dado vários prêmios ao seu autor.

Anselmo Duarte, ator e diretor de cinema que morreu em 2009, adaptou para a tela grande o livro do escritor baiano, em 1962, realizando um trabalho excepcional e fazendo com que o filme recebesse tantos prêmios (ou mais) do que a obra teatral.

“O Pagador de Promessas”, o filme, foi sucesso de crítica e bilheteria, tendo dado ao Brasil a maior premiação recebida por uma produção brasileira  até hoje: a Palma de Ouro no prestigiado Festival de Cannes, na França. Ser escolhido o melhor entre franceses, ingleses, suecos, alemães e europeus em geral não é para qualquer um.

O filme baseado no livro de Dias Gomes realmente é um marco no Cinema Brasileiro e toda a força da história, a crítica social, política e religiosa da peça foi captada por Anselmo Duarte com muito talento e levada às telas com maestria.

Antes de tudo, “O Pagador de Promessas” é um libelo contra a ignorância e a intolerância religiosa, representados por Zé do Burro (Leonardo) e padre Olavo (Dionísio Azevedo).

A ingenuidade, a fé, o desejo de cumprir a palavra empenhada, por parte do humilde roceiro conhecido por Zé do Burro, estão extremamente bem representadas por Leonardo Vilar. Suas atitudes, sua teimosia, sua inocência são capazes de nos emocionar e nos dão a certeza de que ainda hoje existem homens como ele.

Por outro lado o sacerdote, na sua certeza, na convicção de que a doutrina católica é a única dona da verdade, mostra como os padres, os bispos, o papa, a Santa Igreja Católica, em nome do bem pode causar muito mal e até matar (mesmo que indiretamente) pessoas inocentes.

O Zé era um homem do campo que tinha grande apego ao seu burro. O animal era o seu esteio no trabalho de suas terras. Quando fica doente ele entra em desespero e faz uma promessa a Santa Bárbara: Se o bichinho ficar bom vai carregar um cruz nas costas, percorrendo alguns quilômetros e entrar com ela (a cruz) na igreja da santa em questão.

O filme começa com Zé do Burro carregando sua cruz, acompanhado por sua mulher, Rosa, interpretada por Glória Menezes então ainda com uma cara de menina.

Não demora muito o pagador de promessas chega ao local desejado e encontra a igreja fechada. Aí realmente se desenvolve todo o drama, com diálogos inteligentes, irônicos, críticos, entre o Zé e sua mulher, o roceiro e o padre, Rosa e Bonitão, que entra na história só para tentar “faturar” a moça, o camponês e jornalistas que aparecem para cobrir o caso de forma sensacionalista.

A um só tempo o texto de Dias Gomes e o filme de Anselmo Duarte discutem os dogmas da igreja, o atraso do homem do campo no Brasil, na década de 60, a injustiça social (na sua promessa Zé do Burro também promete distribuir alguns hectares de terra com os camponeses, um gesto inocente, mas de acordo com os ideais comunistas) e a submissão da mulher aos caprichos do marido.

Tudo isso e muito mais está de forma soberba neste filme com ótimo roteiro, excelente direção e um elenco brilhante: Leonardo Vilar, Glória Menezes, Dionízio Azevedo, Othon Bastos, Norma Bengel, Antônio Pitanga e Geraldo Del Rey.

“O Pagador de Promessas” merece ser lido em sua versão para o teatro e o filme pode ser assistido mais de uma vez sem que provoque cansaço. Cada vez que você ver, perceberá novos detalhes, alimentará seu sentimento de revolta e certamente ficará ao lado de Zé do Burro e terá raiva do padre autoritário, no fim das contas responsável pela grande tragédia que se desenha.

Realizado há tantos anos, este filme não está superado e alguns aspectos da obra ainda estão bem presentes no Brasil, especialmente no nosso querido Nordeste. Felizmente, algumas coisas já mudaram, existem menos ingênuos como Zé do Burro e os padres embora continuem respeitados já não podem ditar as normas como há 40 ou 50 anos atrás.

“O Pagador de Promessas” é um filme político, é uma história de viéis religioso, é uma forte denúncia social, é uma obra artística irretocável que durante muito tempo ainda será motivo de orgulho para os brasileiros.

Dias Gomes (o mesmo autor de Roque Santeiro e Saramandaia), que escreveu a história, e Anselmo Duarte, responsável pela adaptação do livro,  são como que co-autores desta obra prima do teatro e do cinema nacional.

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