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GRANDES NOMES DA MPB XXXIX


NARA LEÃO

**Clicando no nome da artista, todo maiúsculo, você acessa um vídeo do youtube onde ela canta "Joana Francesa", de Chico Buarque, com trechos em português e frances.

Vitória do Espírito Santo foi a cidade que trouxe ao mundo a menina Nara Lofego Leão. Seu pai, Jairo, era advogado, e sua mãe Altina dona de casa, como a maioria das mulheres no início dos anos 40. quando ela tinha apenas um ano a família muda para o Rio de Janeiro. Passaram a morar na Zona Sul. Nara, os pais, e sua irmã, Danuza Leão, que faria nome no país como modelo, jornalista e escritora.

Nara Leão foi uma garota extremamente tímida. Mesmo adulta e famosa permaneceu sempre com seu jeitinho recatado. Aos 14 anos resolveu aprender a tocar violão, tendo como professor Roberto Menescal, um sujeito que futuramente se tornaria um importante produtor musical e um nome de forte influência na Música Popular Brasileira. Foi o primeiro namorado da cantora e um amigo para toda a vida.

A jovem artista, já inquieta atrás de novidades, foi quem apresentou a Roberto o som do jazz, que estava encantando os americanos.

Posteriormente, junto com Carlos Lyra, Ronaldo Boscoli (que também seria seu namorado) e o próprio Roberto Menescal, seria uma das criadoras da Bossa Nova, que tinha como nome maior o de João Gilberto. O jornalista Sérgio Porto elegeu Nara como a “Musa da Bossa Nova," um movimento de rapazes que queriam fazer música com poesia.

A partir dessa integração com o pessoal da Bossa Nova, Nara Leão começou a fazer shows em boates e universidades. Contam seus biógrafos que numa dessas apresentações a cantora ficou tão nervosa que cantou de costas para o público.

A artista chegou a noivar com Ronaldo Bôscoli, mas rompeu com este ao descobrir que o músico teve um caso com a cantora Maysa, durante uma viagem dos dois a um país da América do Sul. A artista nascida em Vitória namoraria ainda o cineasta Ruy Guerra, também compositor, parceiro de Chico Buarque em algumas músicas.

A estréia profissional de Nara Leão seria em 1963, no musical “Pobre Menina Rica”, de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra. Uma verdadeira superprodução, mas que não teve o sucesso esperado.

Em 1964, a cantora surpreendeu quando gravou o seu primeiro disco. É que ela incluiu no álbum músicas de Nélson Cavaquinho e Cartola, resgatando o nome desses dois grandes compositores e fugindo à proposta meramente poética do movimento Bossa Nova. Composições de artistas engajados politicamente também fizeram parte do álbum.

Pouco depois, Nara seria a principal estrela do show Opinião, no Rio de Janeiro. Foi um espetáculo que marcou época no cenário da MPB. Ao seu lado estavam nomes como João do Vale e Zé Kéti. Este último é um sambista cultuado até hoje. Seu nome verdadeiro era José Flores de Jesus, compositor carioca responsável por algumas pérolas do samba nacional e por grandes sucessos de carnaval, como A Voz do Morro e Máscara Negra.

Nara sairia desse show por problemas de saúde e indicaria sua substituta: a baiana Maria Betânia, que estava chegando do Nordeste com tudo, juntamente com o mano Caetano.

A meninha tímida, depois musa da Bossa Nova, se tornaria uma mulher corajosa, disposta a emitir opiniões firmes e a contestar o regime militar. Nos duros anos 60, Nara disse uma frase que incomodou os generais e por pouco não foi enquadrada na famigerada Lei de Segurança Nacional. "Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", assim se expressou a artista, causando a maior confusão na caserna.

Os artistas se mobilizaram e evitaram o pior. O próprio poeta Carlos Drummond de Andrade, já um ícone da literatura brasileira, faria um poema dedicado à Nara e sua defesa.

1966. Foi o ano em que Nara Leão tornou-se conhecida em todo o Brasil. Ela conquistou o II Festival de Música Popular Brasileira, interpretando “A Banda”, uma composição de Chico Buarque de Holanda.

A cantora casaria anos mais tarde com Cacá Diegues, um dos diretores mais importantes do cinema nacional. O cineasta assina filmes que foram grande sucesso de público e crítica no Brasil, como Quando o Carnaval Chegar, Orfeu, Xica da Silva, Chuvas de Verão e Deus é Brasileiro. Atualmente finaliza o longa “5 x Favela”.

O casal Cacá e Nara Leão teve dois filhos: Francisco e Isabel. O cineasta e a cantora moraram um tempo na Europa e depois retornaram ao Brasil.

A garota tímida de Vitória que se criou no Rio de Janeiro, foi musa da Bossa Nova, resgatou o autêntico samba brasileiro, fez parte do movimento tropicalista, ganhou festivais e se tornou uma das grandes cantoras do país. Com uma voz suave, doce, que sempre fez um bem danado aos ouvidos sensíveis.

Já nos anos 80, quando todos esses movimentos faziam parte da história da MPB, Nara gravaria discos reunindo sucessos de grandes nomes da musica nacional. Num desses álbuns todas as músicas são assinadas por Roberto Carlos, líder da Jovem Guarda na década de 60. Outro disco é formado por canções compostas por Chico Buarque, um artista intelectualizado e engajado, numa vertente bem diferente do outro, mais romântico.

A partir de meados da década de 80 a doença de Nara começou a se manifestar. Sua irmã, Danuza Leão, no livro autobiográfico Quase Tudo, dedica uma boa parte a falar desse trauma, esse fato triste em sua família. A cantora, com 47 anos, teve um túmor no cérebro numa região impossível de operar. Morreu com essa idade, em1989.

Foi uma grande perda para a música popular do país. Nara, cantando sambas, ou bossa nova; A Banda, canções de Roberto, fazendo um dueto inesquecível com Fagner, nos anos 70 (gravaram juntos Penas de Tiê, no 1º disco do cearense) ou uma música engajada dos tropicalistas, foi sempre uma cantora meiga, competente, de voz agradável e interpretação correta. Por certo, sua voz, estará sempre ecoando entre nós, como quando deu uma nova roupagem a Além do Horizonte, de Roberto e Erasmo.

Nara Leão: uma trajetória para ser lembrada e uma voz presente na rica história da Música Popular Brasileira.

(Fontes de Consulta: UOL Educação, o Site lastfm.com.br/musica, enciclopédia do google, discografia da artista, dados de Zé Keti e Cacá Diegues).

Um comentário:

  1. Amigo Roberto Almeida,

    Obrigado! Só mesmo um cara como você, com toda essa sensibilidade que Deus botou na sua cachola, para nos presentear, nesta manhã de sábado, com a maravilha que é ouvir a belíssima Nara Leão, quase ainda uma menina, de voz macia, mas gigante, bem diferente dessas porcarias que hoje vivem gritando e dizendo que cantam, que são cxantooras, como essa turma que vem lá da Bahia. Assisti a alguns shows de Nara Leão, com Chico, com Vinícius de Morais, e tive o prazer de passar por bem juntinho dela, em seus passeios nas ladeiras da minha Olinda Velha, onde eu morava. Não esqueço daquela figura simples, que acenava para quem a cumprimentava, da janela dum sobradinho bem estreito, magrinho feito ela, imprensado na quase esquina das Ruas 13 de Maio e de São Bento, na verdade uma pequena curva, na qual termina uma, no meio da outra.Nara Leão foi divina!

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