Prosseguimos hoje a série MPB de todos os tempos. Já tivemos o gaúcho Nélson Gonçalves, a baiana Simone, o Cearense Ednardo e a mineira Ana Carolina. Hoje é a vez de um dos maiores nomes da história da música brasileira: o pernambucano Luiz Gonzaga.
O COMEÇO - Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na Fazenda Caiçara, na zona rural do município de Exu, Alto Sertão pernambucano, no dia 13 de dezembro de 1912. Com o pai, Januário, que trabalhava no campo e gostava de música, foi que o menino Lula aprendeu a tocar acordeão. Ainda menino, começou a acompanhar o mestre nas feiras, bailes e festas daquela época. Aos 18 anos, apaixonado por uma moça chamada Nazarena, o futuro rei do baião ficou uma “fera” quando soube que o coronel Raimundo Deolindo não aceitava o envolvimento da filha com o “um sanfoneiro sem futuro”. Valente, Gonzaga, ameaçou de morte o pai da moça e o resultado foi levar uma surra de Januário e Santana, seus pais.
EXÉRCITO E MÚSICA -Por conta desse episódio o filho de Januário fugiu, entrou no Exército no Ceará, chegou a Juiz de Fora, em Minas, e depois no Rio de Janeiro. Nesta última cidade, ainda no Exército, começou a cantar em cabarés, interpretando sambas e marchinhas. Até que um dia se apresentou no programa de Ary Barroso com a música “Vira e Mexe, de sabor regional e agradou ao público. Esta terminou sendo a primeira gravação do artista, mas foi um trabalho apenas instrumental. A primeira gravação dele como cantor saiu um tempos depois, com “Dança Mariquinha”.
A partir daí Luiz Gonzaga se consagrou totalmente aos ritmos nordestinos, passando inclusive a ser vestir de maneira típica, usando roupas de vaqueiros, chapéu de couro, botas e todos os apetrechos de sua gente.
Ao longo de sua caminhada na música popular brasileira e autenticamente nordestina gravou cerca de mil músicas e 200 discos. Algumas das canções que compôs sozinho ou em parceria ficaram para sempre na memória dos brasileiros e de outros povos, sendo cultuadas até hoje, mais de 20 anos após a sua morte, ocorrida no dia dois de agosto de 1989, no Hospital Santa Joana, no Recife.
PARCEIROS - Os maiores parceiros de Gonzagão foram Zé Dantas e Humberto Teixeira, que elaboraram com o pernambucano músicas como “Asa Branca”, “Assum Preto”, “Respeita Januário”, “No Meu Pé de Serra”, “Paraíba”, “A Volta da Asa Branca”, “Cintura Fina”, “ABC do Sertão”, “Acauã” e “Xote das Meninas”.
Dantas, autor das cinco últimas músicas citados no parágrafo anterior era pernambucano de Carnaíba, tendo se formado em medicina no Rio de Janeiro. Humberto Teixeira nasceu e morreu no Rio, foi advogado e militou também na política, se elegendo deputado federal. Foi co-autor de Asa Branca e dos outros quatro primeiros sucessos lembrados no parágrafo acima.
RECONHECIMENTO - Luiz Gonzaga, Gonzagão, ou simplesmente Lua, começou a fazer nome como cantor e sanfoneiro no início da década de 40, prosseguiu sua caminhada nos anos 50 e com a explosão da Bossa Nova, da Jovem Guarda e do Tropicalismo enfrentou um período de ostracismo, nos anos 60. Mas a partir da década de 70 foi redescoberto e passou a ser valorizado pelos artistas da MPB e pelo público universitário. Já maduro, gravou com o filho Gonzaguinha, com Fagner, Elba Ramalho e outros artistas que despontavam no país. Quando morreu tinha prestígio nacional e internacional e “Asa Branca” foi celebrado numa composição como o “autêntico hino do Nordeste brasileiro. O artista de Exu gravou também duas músicas que são muito representativas do Agreste pernambucano e de duas das maiores cidades do interior do estado: “A Feira de Caruaru” e “Onde o Nordeste Garoa”. Ambas são composições do caruaruense Onildo Almeida, só que a segunda canta as belezas da “Suíça Pernambucana”.
(Ao clicar na palavra O COMEÇO, no início do texto, você acessa um belo clip de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha cantando "A Triste Partida", do poeta cearense Patativa de Assaré).
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